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Arquitetos: Hamid Reza Gozariyan
- Área: 280 m²
- Ano: 2018
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Fotografias:Parham Taghioff
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Fabricantes: Qom Masonry Brick Company
Descrição enviada pela equipe de projeto. O edifício escolhido para acolher o restaurante Bazaar não é bem um edifício, é parte integral da histórica estrutura do Grand Bazaar da cidade de Teerã. Para chegar ao restaurante é preciso perder-se na labiríntica rede de espaços do Mercado Público de Teerã, transpor seus tesouros ocultos e percorrer suas histórias. O processo de renovação do edifício foi concebido considerando dois importantes aspectos:
1 - Reconectar seus espaços interiores com o exterior como se fosse mais uma extensão da rede de espaços do Grand Bazar;
2 - Resgatar a arquitetura histórica do edifício e seu entorno imediato.
Anteriormente ocupado por uma boutique de roupas, o edifício foi completamente remodelado para transformar-se em um restaurante. O público que frequenta o restaurante é formado por uma mistura de comerciantes, empresários e visitantes esporádicos que visitam o bazar. Considerando a história desta magnífica estrutura urbana, procurou-se criar espaços que pudessem ser utilizados como pontos de encontro ou espaços para reuniões informais onde a interação social desempenha um papel significativo no resgate da dimensão social do bazar.
O edifício do restaurante é uma estrutura de dois pavimentos. A renovação da estrutura principal do térreo foi realizada pra abrigar o espaço central do restaurante, o porão foi adaptado para acolher a cozinha enquanto o espaço principal de mesas de jantar foi implantado no primeiro andar. Este nível superior foi dividido em duas partes com diferentes alturas. O pé direito na entrada do edifício é de cerca de três metros; mas a medida que adentramos no vestíbulo, um espaço mais amplo se revela para acolher os visitantes. Desenvolvemos a estrutura do projeto baseada em módulos, uma sequencia espacial que se desdobra e ocupa cada recanto desta intrincada rede de espaços menores, como se o visitante pudesse experimentar não apenas o aconchego dos recônditos espaços do restaurante, mas é como se ele pudesse sentir que ainda encontra-se dentro do Grand Bazaar.
Estes micro-espaços criados dentro do infinito espaço do Grand Bazaar proporcionam uma série de diferentes arranjos e encontros, as vezes mais abertos, as vezes mais privados. Dependendo da ocasião - encontros informais, palestras de negócios, etc. - os clientes podem escolher um ou outro espaço determinado de acordo com o grau de privacidade desejado. O orçamento enxuto do projeto foi um grande desafio para os arquitetos, por isso eles escolheram utilizar materiais mais simples e econômicos, reduzindo tudo ao mais simples possível. Como uma saída para cumprir o orçamento, a grande maioria dos móveis e luminárias foram projetados e construídos em seu próprio estúdio-oficina.
Organização espacial: a dificuldade de acesso ao edifício através destes becos, muitas vezes intransponíveis, havia transformado o local em um espaço marginal, sujo e escuro. A poluição visual do entorno também foi outro fator que levou os arquitetos a projetar uma fachada muito simples, como uma continuidade das linhas do edifício adjacente. Além disso, a parede que estava do outro lado do edifício encontrava-se mergulhada em panfletos, cartazes e informações de todo o tipo. Por isso a solução foi criar um mural que não apenas resolve este caos exterior mas que também permite criar uma bela perspectiva daquilo que acontece no interior do edifício.
No entorno imediato, haviam comerciantes informais que muito contribuíam para aumentar ainda mais a sensação de confusão e vulnerabilidade do local. Os proprietários decidiram por contratar estes trabalhadores, oferecendo uma nova oportunidade para a comunidade local de forma a manter vivas as histórias do Grand Bazaar. Como resultado de todas estas estratégias, da requalificação física à social, esta histórica estrutura da cidade de Teerã está pouco a pouco se transformando em um espaço mais vibrante e acolhedor.